segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Condição humana


                                            René Magritte - os Amantes -


Porque o prazer pessoal está tão a frente do amor ao próximo?
Inconscientemente minha busca pelo prazer mortifica o outro.
Ainda que eu me arrependa de tudo, ainda assim quero o prazer.
Qual o estreito caminho do desapego de mim mesmo – narciso por natureza ou narciso social -?
Vejo um mundo de hedonistas egoístas, de pessoas loucas por si mesmo. Sem ter sequer um pequeno gesto de amor ao próximo. E quando me vejo nessa corrida desesperada por mim mesmo, quando me percebo nesse poço sem fim, quando vejo essa corrida para o precipício de BELOS homens sem noção do que é amor, sinto profunda tristeza.
Acho tão belos os altruístas de 2 segundos. Aqueles que fazem um gesto de bondade momentâneo e dizem para todos, para que vejam o quão bondoso eles são.
Acho tão verdadeiros os bondosos de coração que trocam uma bondade por mil maldades. E ainda assim acham que têm créditos de bondade para gastar.
Quanto custa um lugar no céu?
Quanto custa um pouco de amor?
Quanto te dou para que me dê em troca?
Quão bom sou, espelho meu!
Se meu corpo quer tanto o prazer, porque dentro de mim existe algo que luta contra isso ?
Mesmo que lá no fundo, sei que ainda existe esperança para tudo isso. Ainda que Seja um milagre !
As ruas me dão a impressão de um grande desfile de modas. Me olhem, aqui , aqui !
- Olhem o quanto sou lindo, mas não se esqueça que não me importo com a diversidade nem quero dividir o meu prazer... Somente olhem e contemplem.
- Olha como é linda aquela celebridade -suspiros -.
Estou ouvindo a marcha fúnebre de minhas feias emoções compartilhadas. – um tédio !
Vamos mudar de assunto ?

 (...)

A condição humana é tão contraditória. Pergunto-me qual a áurea de verdades absolutas que ainda mantém tudo isso de pé. Sei que existe algo que equilibra as sociedades humanas, pois os interesses e a eterna busca pelo prazer egoísta são sinais da destruição. As vezes penso em esquecer as utopias e desistir das pessoas. Mas sei que no fundo, ainda passa uma esperança por nossas mãos. 

Gabriel Revlon

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