terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ciranda


Foi em uma noite de primavera em Petrolina,
As luzes estavam aflitas e a  festa acontecia, a música tocando,  os passos se fazendo, os sorrisos escancarados surgindo nas pessoas,
Uma leve embriaguez, em um momento sublime, pairava sobre quase todos.

E eu perdido no meio daquela Louca paixão, daquela dança desordenada, dos sons do sertão, do cheiro de terra, eu era um errante com meus passos de criança cirandando numa festa da cidade de Petrolina, bem  ao lado do São Francisco.
Havia um palco iluminado em minha frente e ao meu lado uma imensidão de vozes falando coisas sem sentido, existia em mim uma agonia silenciosa que explodia como uma emoção apertada em alta pressão expandindo para o infinito. Eram muitos sorrisos brotando de mim. Meus olhos se fechavam e se abriam, lacrimejavam e eu me percebia dançando, mas quando eu não percebia o que estava acontecendo eu apenas sentia o momento e deixava-me embriagar na imensidão de toda aquela magia.
O que não reviverei da mesma maneira...  Mas amei aquele doce momento como se minha vida fosse  extensão dele.    
A única coisa que vinha a minha mente era sentir, sentir, sorrir, tentar encontrar qualquer coisa que me fizesse querer senti cada vez mais.
Então todos deram as mãos e a ciranda começou. Aquela alegria irradiava de todos e se concentrava no ar. A poeira subia, os cabelos se balançavam, os cheiro se confundiam, e uma união se estabelecia entre homens, mulheres e crianças. A  canção sonorizava os passos e a dança dançava o que se sentia naquele momento... Não havia passos feitos, apenas dançávamos todos com cumplicidade e amor. Coisas lindas que não se explicam aconteciam e todos se despiam de suas mascaras para deixar o corpo corporalizar a imensidão do momento. Sinestesia, sinestesia, ciranda, cirandando, musicando, profanando, encontrando, vivendo a sinestesia....
Foi como viver a pureza da inocência, eu me via como uma criança descobrindo um mundo e querendo todo ele sem limites, sem ter limites para sentir e amar.
Aquele momento foi uma imensidão, uma explosão interna... Todos cirandando, livres e puros...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O cântico para Cinderela


Enquanto ouvia o Cântico para cinderela, aquela garotinha pensava e flutuava...
...Ai como eu queria ser Cinderela, ai como eu queria! Como eu queria prosa e poesia, ai como eu queria, mas quando eu olhava o espelho, ele não dizia Cinderela, não dizia...  Ai, como eu queria ouvir o som do amor, receber lírios para uma doce flor, mas não os recebia. Aquela magia não era para mim, não era, existia um baile de sentimentos, só que para cinderela. Ai como eu queria ser sereia, como eu queria ter o doce canto dela, mas o meu canto as máscaras desencanto, mas eu canto, eu canto, não ouves meu canto ?...
Ai como eu queria ter aquilo que tem cinderela, rimas, palavras amadas, contos, mas não recebi rosas, apenas as vi sento endereçadas. Meu sonho se foi como as pétalas se vão em bem-me-quer, e minha última pétala eu não queria. O que eu queria mesmo era ser cinderela, queria prosa e poesia, Ai.... como eu queriaaaa....

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tão perto e tão longe de ti...

Tão perto e tão longe de ti...
Quase não consigo disfarçar meu querer
A tua voz é uma doce loucura,
O nosso trato é claro, a distância, mas ainda acho que há um corpo vazio a espera do outro, nem que seja apenas para dizer uma coisa banal...
Estar perto de ti é quase lutar contra mim mesmo, uma luta onde eu não me deixo te abraçar, onde eu não me deixo te beijar, onde eu não me deixo dizer o quanto eu quero estar contigo.
Quando me lembro do beijo, quase me esqueço que estou pensando, aquele momento revivido em mim se torna uma realidade, quase um fato concreto.
Algumas vezes estamos tão perto, mas dois passos nos deixam distantes. Um passo teu e um meu, acho que dois passo seriam o necessário para que tudo o que é ausência se tornasse presente, senão um turbilhão de emoções. Na verdade, as vezes tenho vontade de deixar o mundo, de cometer a loucura dos poetas, deixar tudo o que parece fazer sentido, mas que muitas vezes são apenas convenções, para viver a loucura de viver o querer, para viver esse sentir que exala de você ...
Quero te dizer absurdos do querer, quero viver o querer nascente, quero aquecer a vontade louca de estar mais perto de ti, quero dar um passo em direção á ti.
Enquanto espero o amanhã, e o outro amanhã, só para estar mais uma vez ali no nosso lugar, ainda assim temo o chegar, pois sei que por estar perto ,aparentemente e fisicamente, tenho a certeza que estás longe, uma distancia que só pode ser superada por Tanto te querer...
Ouço o canto silencioso dos teus olhos,  olhos que muitas vezes estão perto de mim, mas que com ar de querer reprimido,tu te ausentas e vai para tão longe de mim...
Vejo seus vestidos espertos, leves soltos ao vento, assim como seus cabelos. Eles insistem em roubar o meu olhar, são momentos de doce e cruel sensação.
Perto e longe, digo-me isso a quase todo momento...
Mordes o lábio, deixa-os sensualmente entreabertos, não sei se por chamar-me, não sei se por inocência de um momento qualquer, mas os deixa, e eu os sinto em minha angustia, minha sedenta angustia, sem mencionar quando me olhas de canto, como se tivesse algo que espera por teu olhar...
Perto e longe, digo-me isso a quase todo momento... Vivo a angustia de querer-te perto, perto, perto, mais perto.





terça-feira, 6 de setembro de 2011

O desejo - Hegeliano -

Querer, Chama-se
Querer-te, Chama-me
Se quisesses, desejavas
De querer-te, Eu duvidava
Queres, Toma-me
Se me encontro-me ou encontra-te escravo, Achastes ou acho-me senhor
Achastes o meu desejo de querer-te.
Quando te desejo, desejo-te o desejo de me amar,
Quando deseja-me, desejas o desejo do amor,
Então renuncio a mim mesmo ou tu renuncias a ti mesmo, não há como coexistir,
logo, somos vitima e algoz. Amamo-nos, ferimo-nos,
lutamos, travamos uma batalha mortal pelo desejo, dominamo-nos,
somos dominados, confundimo-nos, Porem, enfim, no desejo há o Senhor e o escravo.
Para que sejas Tu em mim ou para seja Eu em ti. Quem morre ou quem vive é apenas
um referencial, o referencial é o dejeso, ou melhor, quem possue o desejo do outro,
quem possue o outro pelo desejo...


-Inspirado na dialética do senhor e do escravo -