segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um outro ângulo


Basta um observar, na zona onde o olhar não fixa, por vezes desprezada, e então o inusitado surge, quase uma lâmina no angulo de Reflexão da luz, A luz... A pequena lâmina quebrada, fragmentada no espaço oceânico se revela, intencionalmente brilhante e em silêncio !  

O mEu querido binóculo

É por onde te vejo,
É por onde amo você,
É por onde fixo em você,
É por onde não sei poque, mas quero te ver,
É por onde percebo as cores,
E se um dia eu perdê-lo, onde me encontrarei,
Como te encontrarei ?

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Desnudando com as palavras

Tirar a roupa não desnuda,
Palavras certeiras sim,
Fala, entona, ecoa, o verbo!
Diz até o que não se diz...
Pensa até que é só a palavras crua... abc
Despe o silêncio,
O ar livre das palavras despe posturas, coisas póstumas, escondidas onde nem se entende,
Mas a palavra sai.. significa!
Fiquei nu diante de suas palavras.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ouro de tolo


A dominação é camaleônica, polida, sã, doce e sensata... brilha como ouro de tolo


... Numa conversa no café da manhã ela disse umas palavras com ar de felicidade , gabando-se:
- Ele me tratava como uma rainha, nunca precisava sair de casa para comprar nada, ele me dava tudo.
Não precisava falar com as pessoas nos lugares onde íamos, ele falava por nós. Tinha uma vida de boneca de porcelana, realizada... tinha roupas, filhos, casa, cozinha e quarto, uma maravilha...
Mas seu semblante por um segundo entristeceu, mas com a ternura de sempre...
- Ele era ciumento demais, não queria que eu falasse com as pessoas, as vezes era áspero com as palavras, eu não entendia bem tudo aquilo, mas o amava mesmo assim.
Hoje com 70 e poucos anos ela recorda seus poucos e bons momentos, um tempo que nunca voltará atrás... A sua doce juventude foi envolta de palavras lindas, uma boa educação , por uma vida de princesa. Ao final do café ela suspirou fundo e quase sorriu, não sei se de felicidade ou de costume, navegou fundo em suas lembranças... doce lembranças, com gosto de chocolate amargo, com brilhos de ouro nos olhos saudosos, quietos... reflexivos. Lembranças que não voltam mais.

... A marcha fúnebre tocava num rádio ligado na sala ao lado, baixinho, quase imperceptível aos ouvidos desatentos, eles falavam alto entre si, como nas famílias felizes e tradicionais numa mesa de café, falando sobre o cotidiano, sorrindo e alimentando-se do pão de todos os dias...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A casa dos sonhos..


... A casa do sonhos fabricou uma verdade,
A cabeça pensou, os olhos estavam fixos e a respiração devagar,
Com uma seriedade de quem vive um luto,
Batendo com o dedo na mesa em movimentos repetidos,
Eis a mulher branca, pensando, pensando, pensando..
Os seus cabelos brancos, experientes, indecisos no vento,
Seus pensamentos são mais juras do que certezas....
E a palavra entrega o jogo....
Que jogo, o da vida, o da verdade, o das palavras ?
Sem saber ao certo o que fazer ela suspira...
" Tantos anos de vida, e uma realidade sofrida,
Tanto gosto pra criar esses filhos, e o desgosto me assola."
O medo da solidão está ao seu  lado. Tão velho quanto o mundo...
E nos seus olhos as lagrimas chegam... um filho bruto e controlador, uma filha louca e
presa por um crime... Triste realidade.
Mas a esperança ainda assim embrulha o seu estomago junto com a angustia...
Uma náusea querendo ser vomitada, expulsa do corpo já desgastado...
Mas a casa dos sonhos não para...



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ninfa do lácio


... A Ninfa do Lácio chega com a primavera,
Dourada e com tons avermelhados, é uma confusão aos meus sentidos.
Sentidos unidos, perdidos, tácitos, quase que fixados.
 Seus tons são tímidos como um inicio de primavera, mas radiantes...
Chega da uma febre no coração,
Quantas formas, curvas, silêncio e sintonia,
A terra está fértil e  pronta  nascer o novo,
Os pássaros parecem que sentem o seu ar silencioso,
Então chegam e cantam para que o amor brote das flores...
O brilho chega intenso, parece que perdido no vento, a paixão e seus ardores,
No silêncio arranca do amante não as palavras, mas o sentir do fundo da alma...
Transpirando amores vermelhos, amores de primavera...
No palco do desejo a atriz é ninfa,
E a cena é vida entre os tons e ardores que no cheiro, no gosto e na pele querem saciar o desejo,
Onde tudo se encontra, onde tudo se encanta,
Para brilhar num instante ou numa vida inteira...
...A Ninfa do Lácio chega com a primavera,