domingo, 15 de agosto de 2010

De olhos fechados


Nosso olhar traduz o que está escrito em nosso interior, e muitas vezes reconstruímos o outro por pinturas já prontas dentro de nós.

A claridade pode ser fonte de cegueira quando se olha de frente.

As sombras são necessárias para se delinear o relevo, e isso é muito importante. Sem elas poderemos nos equivocar. "A ilusão de óptica gerada por nossas convicções nos faria mergulhar em erros de percepção. E quem desconfiaria que o nosso sentido mais confiável pudesse nos enganar?" - A visão - é seguramente precisa?

A claridade pode ofuscar os sentidos. Prefiro o delinear das curvas, a pintura em relevo, a voz que toca o vento e chega aos ouvidos, o tato que sente o calor e o frio, o gosto que desperta o paladar. Se for preciso olhar, prefiro que seja com sombras, mas se não for ficarei mais a vontade, porque as melhores coisas prefiro ver de olhos fechados.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A história de um crime, e a perpetuaçao das lembranças

Retirado do filme "o segredo dos seus olhos". Assistam, é muito bom... Esse é um olhar sobre parte do filme...



Aquele dia foi diferente dos outros. A esposa olhou para o marido que tossia muito e com um olhar de cuidados, meio sorridente, meio preocupada e lhe fez um chá. Ele tomou e foi para o trabalho. No fim da tarde ao retornar para casa, entrando no seu quarto presenciou uma cena terrível que jamais sairia de sua mente, sua mulher ensangüentada entre a cama e o chão, com suas belas mãos fechadas imprimindo força, como se quisesse se defender de algo, tinha um olhar assustado, sua boca estava entreaberta e sua pele com muitas marcas vermelhas. Seu corpo alvo tinha diversas marcas de violência.


A polícia chegou ao local, fez a perícia como se fosse algo casual, mais um assassinato na rua x. Mas naquela investigação no fim de tarde havia um olhar diferente sobre o caso. O investigador ficou perplexo com o que via diante de seus olhos e resolveu desvendar aquele assassinato. Durante dias ele encontrou com o Marido da jovem assassinada e recolheu informações sobre o caso. Foram à casa do jovem marido e lá tinham muitas fotos e lembranças do casal. Uma coisa porem intrigou o investigador. Muitas das fotos do casal com amigos havia um homem que olhava para a linda jovem com olhar fixo, obsessivo. O investigador comentou com o jovem viúvo – quem é esse homem que olha para sua esposa de forma tão característica em diversas fotos? O jovem respondeu com os olhos lacrimejando e cheio de duvidas, e tapando a própria boca em um estado de descoberta...

Eles procuraram provas durante dias e enfim descobriram cartas trocadas por sua esposa e o amigo durante a adolescência e também descobriram que tiveram um caso que não deu certo no mesmo periodo. O caso começava a transparecer, só faltavam encontrá-lo e interrogá-lo sobre o assassinato. Mas o suspeito tinha se mudado da cidade havia um mês, período em que o assassinato ocorrera. O investigador viajou em busca do suspeito e o encontrou em um jogo de futebol, outra obsessão do suspeito revelada nas cartinhas mandadas para a dona da pensão onde ele morava antes da viagem, mulher por quem tinha verdadeiro apreço, o suspeito foge ao sentir a presença dos policiais e depois de uma cansativa perseguição ele é preso. No outro dia ele é interrogado pelo investigador e uma advogada, sem provas concretas do assassinato eles ficam de mão atadas. Mas uma ação do suspeito deixa a advogada ainda mais firme sobre o assassinato. Enquanto falava ao ouvido do investigado percebera que o suspeito olha impulsivamente para sua blusa entreaberta, observando seus seios, com um ar de desejo, um desejo incontrolável. Ela então faz o jogo dele e através de instigações a sua masculinidade confirma o perfil do suspeito. Ela o insulta dizendo, -- nesse laudo tem escrito que o estuprador deveria ser forte, devido aos danos na pele, deveria ser bem dotado, pelas marcas internas de violência encontradas na vítima, e provavelmente um sedutor, para ter um relacionamento anterior com uma mulher tão linda. Ela não daria bola para esse tipinho, disse a advogada. O suspeito ofendido fica bravo, xinga a advogada e lhe mostra suas partes dizendo, -- está vendo isso doutora? Além dessa agressão publica, ele dá um soco na face dela, o que demonstra sua culpa e enfim seu envolvimento no crime. Ele é preso. A justiça porem é lenta e burocrática, e o suspeito que agora era confesso estava em liberdade, não apenas por ineficiência da justiça, mas por conhecer alguém muito influente na área.

O investigador frustrado com o caso conversa com o jovem viúvo e o explica que chegaram muito perto e que a gravidade do caso daria prisão perpétua para aquele homem, mas que por meio de pessoas de influência o assassino não seria preso, enfim a injustiça era uma triste realidade. O jovem com ira nos olhos diz, -- Eu poderia matá-lo com três tiros e vingar minha amada, mas a dor dele não seria como a de um estupro, ou como a do vazio que sinto nesse momento. Eles continuam conversando e a tarde se foi...

25 anos se passam e o investigador vai à casa do viúvo, agora não mais jovem, e lhe faz uma visita. Ele morava em um sitio grande e distante da cidade. Os dois conversam enquanto tomam um café, e então o investigador diz para aquele senhor que está em sua frente. – Uma infeliz injustiça lhe aconteceu e eu vou fazer o possível para prender o assassino. Isso se ainda estiver vivo. O viúvo transtornado com as lembranças fala com voz áspera, -- JÀ SE PASSARAM 25 ANOS, por favor esqueça isso. E num gesto bruto levanta e abre a porta dizendo, -- vá embora de minha casa.

O investigador tenta acalmá-lo e lhe diz palavras de conforto. O viúvo ainda transtornado, porem com um pensamento transpondo a ira lhe chama novamente pra mesa e lhe diz, -- Eu matei o assassino, fiz justiça com minhas próprias mãos, e lhe conta como foi que ocorrera, dando três tiros e jogando o corpo em um lugar inóspito. Depois de uma longa conversa o investigador se despede e pega seu carro. Na estrada lhe vem às lembranças uma conversa de anos atrás onde o viúvo o falava que não seria dolorosa uma simples morte ao assassino de sua amada. Pensativo o investigador volta ao sitio e com passos surdos vai até a casa. Ver uma luz acesa em um casebre afastado e resolve se aproximar sem fazer barulho. Ao chegar ao lugar ele entra despercebido e ver uma jaula grande, fria e com pouca claridade. Aquele lugar velho lhe causava arrepios. Ele adentra o casebre e ver preso naquela jaula terrível, um senhor. Reconhece sua face, era o assassino, mas as rugas tomaram-lhe a face. Com um olhar confuso ao ver um ser humano enjaulado e outro lhe dando um prato de comida, fica boquiaberto. Ao perceber sua presença o preso deixa o prato cair e se aproxima do investigador até o limite da jaula dizendo com voz cansada e tremula, -- Peça a ele que quando vier me trazer comida, ao menos fale comigo... O velho assassino tem um olhar fundo de solidão, um olhar reflexivo e não mais obsessivo. Os olhos do investigador se afastam dele por um instante e se fixam no viúvo que cabisbaixo lhe diz, -- Você disse que era Prisão perpétua...

As vozes se calaram e o som da noite adentrou aquele lugar solitário...

O investigador vai para sua casa, o velho assassino fica preso e o viúvo continua a alimentar por todos os dias, sua vingança, a solidão do velho assassino e a imagem dolorosa de sua amada ensangüentada entre a cama e o chão do seu antigo apartamento.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A estrela que guia o barquinho

Feita para uma pessoa especial. o significado de seu nome é : a estrela que guia o barco

Náh, lá no fim do céu está sua estrela,
Que guia o barquinho no fundo do mar...
Uma luz tímida e meiga,
Ouço daqui, seu som suave, sereno
E vou me perdendo nesse mar sem fim...
E lá, lá está, nah: a estrela. está! e lá vai...
seu brilho, suaveee, refletindo a luz intensa,
e clara, mas de forma suave, como se não quisesse ser percebida;
Mas seu encanto vem, para guiar o pequeno barquinho que está bem alí, no infinito mar...
Náh reflete sua luz como poesia nas ondas do mar, e a lua, vem ajudar a desenhar o traço cintilante nas ondas que balançam como música. E lá está, náh... e lá vai, a estrela deixando seu marcante e tímido traço de luz para guiar o barquinho, que segue o seu rastro de luz;
Música e poesia.

Entardecer

O mar, de certo me faz sonhar,
Seu reflexo dourado claro me faz, desejar
o fim do céu ou seu horizonte.
Seu castanho dourado me perde o olhar
e no vermelho suave da boca vou encontrar
o gosto... gosto de boca ardendo em desejo de se dar...
eita, pensamentoo.....
Mar, céu, lábios de tímido sorriso, onde velejo...
Mar, céu, luar, águas claras e douradas, meu entardecer de desejos.
Mergulho nessa onda branca onde o sol deixa dourada
E com o por do sol vejo marte e seu vermelho dourado
e no reflexo do luar o dourado das ondas que se tocam e se beijam.
Mar, céu, luar, aguas claras e douradas, entardecer de meus desejos...