segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A menina dos olhos





A menina era dos meus olhos,
Mas meus olhos não eram seus,
A menina era de seus olhos nos meus,
Mesmo que eu a pensasse com meus pensamentos.
Por onde transita, hoje, a menina dos olhos ?
Talvez no inusitado momento,
A menina dos olhos é nada do que eu penso,
A menina é tudo que eu penso, invento,
Existe onde chega a imagem e o olhar.
Aquela não mais existe em meu olhar,
Essa já nem sei por onde anda,
Porque a menina dos olhos é assim,
É sua e apenas sua, Talvez de quem a tenha por fora,
Mas então não seria a menina e sim uma foto.
Eu  gosto fazer fotografias de olhos,
Mas da menina eu não sei mais,
Eu costumava não somente ver imagens, assim eu achava,
Gostava de ver o transpirar, o que se perde no ar,
O que talvez se queira prender no papel ou num lugar,
Lugar de onde não deveria nunca estar não fosse o inusitado momento,
Aqui dentro, onde foi quebrado e hoje escapa.
Escapa-me o olhar, escapa-me dos olhos,
Perdidas lembranças de imagens,
Aquelas que quis para sempre fotografar,
Fotografar os olhos, boca, sorrisos,
E eis que foi tudo como um instante,
Talvez nunca existido de fato.
Talvez omitido,
Cartas, Músicas, Lembranças,
Papeis, curtas e longas,
E nunca mais a fotografei.
Se fui fotografado, não sei.
Adeus a ti, imagem, ou quem sabe essência perdida no papel,
Tentativa errante de minha vontade,
Menina dos olhos, visão de múltiplos lugares...

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