terça-feira, 20 de agosto de 2013

Juliette



Juliette, disse a si... Juliette, Juliette...
Porque faz assim consigo?
Se viu em frente ao espelho, como se quisesse enxergar-se,
Começou a perceber-se mais que antes.
Quem está em ti além de ti, Juliette?
Sabes como se diz sim e não, sabes, que eu sei...
Então porque escutas o que não és tu, Juliette?
Ter decisão também é ter solidão, pensou,
Porque daria a outro esse prazer de me pensar?
Seu caminho já era mais claro que antes...

Deitou-se e antes de dormir foi tomada por muitos pensamentos...
Lembrou de todas aquelas palavras que insistiam em te visitar em pensamento, lembrou-se dos imperativos, dúvidas, desejos, vontades, possibilidades, poesias... frases... palavras, letras... sons, cores... Estava quase adormecida quando lembrou de umas palavras:
                                 
                                                ...  Palavras faladas por ela lembrando algo que leu, sussurrado

Podemos sair por aí como dois desvendadores das manhãs, tardes e noites...
Podemos nos percorrer por entre curvas, calor, fantasias, rumores..
Podemos beber, alguma coisa, juntos... em nós escrever um conto,
Podemos cantar, andando por ai, cantando pros pombos nas praças,
Podemos nos divertir pelas ruas, fotografar as pessoas andando,
Podemos rir de nós mesmo fazendo besteiras por aí,
Podemos ensaiar uma aventura, podemos viver uma...
Podemos viver o dia e a noite,
Podemos tentar a ventura, podemos visitar amigos
Podemos abrir a ventana do mundo,
Podemos pintar uma tela multicor, sorrir, não fazer nada domingo de tarde... Podemos ter segredinhos, nossos.. nossas coisinhas secretas...
Ou apenas dançar... Um jazz, um samba, um amor, nós...
Esse seu olhar Juliette...

Juliette ouvia a sua voz, fechava os olhos e sorria... Lembrava-se daquela poesia,
Menina doce e ingênua, quase nua senão vestida...
Nua, solta, à deriva, vestida,  em um tabuleiro, como uma peça de xadrez,
As vezes caminhava em frente, as vezes de lado, as vezes voltava,
Como a rainha, diria, de copas, Vermelha, sutil como uma  princesa, seguindo uma linha desenhada.
Caminho apertado...

Juliette sabia o que dizia seu coração, sentia, recusava, chorava, pensava...
Até que percebeu que lutava contra si, duelava contra si, adormecida
Porque tão inocente e tão manipulada, Seguiria  sonhos  ou  imperativos?


Já se via imergindo em outro caminho que não o seu, sentia-se até impotente por não poder fazer algo sobre isso.
As vezes até queria sorrir e fingir que era apenas um sonho e que tudo voltaria a ser como antes, mas como seria se tudo já não era há alguns segundos ? Parece que o passar das horas pesava a ansiedade e dor das possibilidades. Mas como faria para vivenciar tudo aquilo e ainda ser feliz consigo ?
Então, adormecida, olhou no espelho, dentro de um sonho, e disse:
Juliette, "quem és tu" ?
Vai ser assim a vida inteira: avós, pais, amigos, conhecidos.... ?
Nesse momento, então, ela sentiu solidão.
Aquela solidão foi o inicio de si.
Juliette ainda chorava, ainda estava triste, ainda tinha os caminhos, ainda... Mas agora resolveu ter-se a si, resolveu ter solidão e resolver-se... Talvez tenha sido o caminho mais longo de sua vida, ou o mais curto, mas o iniciou. Ainda continuava cercada de todos, continuava amada, continuava belíssima como só ela era, mas agora tinha a si. Tinha-se em decisões.
Seu sonho era como o de Alice, revelador... era ela mais uma Alice, vendo-se a si...
Seriam todas as perguntas iguais e todas as respostas também, indagou-se?
 Sim... sim, pensou, assim como os novos livros surgem de antigas palavras....
Percebeu-se então em vários significados, contudo escolheu o seu... amou, sorriu, chorou, sofreu, novamente amou... Reconheceu-se.
Descobriu que seu nome era uma variação de um outro e que significava: Cheia de juventude.
Então acordou com uma voz chamando-te: Juliette... Juliette... Juliette
...
Pensou em prontamente levantar-se como fazia todos os dias, mas preferiu apenas responder. Ficou ali, ali mergulhada em seus pensamentos... tudo era novo...

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