quinta-feira, 11 de abril de 2013

Festa ambígua




Fui convidado para uma festa ambígua, achei até estranho demais tudo aquilo, não sei se era cena ou realidade. Creio que uma cena bem projetada. Vestir-me então pela metade.Quando menos esperei estava eu participando ativamente, mesmo que pra alguns passivamente. Quer dizer que fui convidado a participar de uma festa surpresa e nem me mandaram um convite? A princípio foi estranho perceber que tantos aparentemente íntimos e outros nem tanto me olhavam e me falavam de coisas bárbaras, lindas, firmes, dúbias, mentiras... por hora alguns olhos diziam verdades, a luz de um olhar não mente, e se o faz é por está sedenta, mesmo que de morte ou vida. Não fosse meus pés no chão, eu até acreditaria, ou melhor, embalar-me-ia com o som, desfrutaria em primeira e segunda versão. Um teste, talvez. Mas na posição confortável continuei, até porque era a minha verdadeira e habitual naquele lugar. Mas não era uma festa surpresa, pois bem. Tudo estava acontecendo naquele momento ambíguo. Acho que cada olhar desfrutava de seu momento ambíguo. Enfim, continuei a me colocar da maneira de sempre, afinal esse era eu, em minha forma completa, completa não, multifacetada, como a todos nós todos os dias... Vi uns olhos esbugalhados, uns sorrisos falsos, umas velas acesas, uma musica fúnebre, um cenário de um palco, algo sendo dirigido como numa cena. Por um instante pensei que fosse um delírio, mas não era. Era nada mais que a realidade multifacetada. Uma realidade que pode ter ao menos dois sentidos. Poderia eu confundir um momento ambíguo com a um excesso de metáforas, claro que sim! Não é também para isso que servem as metáforas, para dar ao menos dois sentidos? E quando o mergulho é um pouco mais fundo no caldo da palavra, então se cria uma ambigüidade de sentidos e sensações que já existe, mas que é preciso um pouco mais de atenção para se saborear. Pois é, E então em meio à realidade cotidiana e a festa surpresa eu preferi a realidade, nua e cotidiana. Ou o que fazia sentido nessa realidade. Então filtrei o que era parte da festa. Tudo ficou normal para mim, na verdade o estranhamento me é normal também, não costumo entrar em jantares gratuitos. E que bom que se fez feliz, e quem sabe satisfeito, quem festejava no final da festa ambígua, na realidade dúbia, na dupla presença: falada, pensada, sugerida, fônica e afônica. Uma cena, uma cena cotidiana.





Um comentário:

  1. Era carnaval? TALVEZ NÃO, ATÉ PORQUE PORQUE ENCONTRAMOS AMBIGUIDADES EM TUDO E EM QUALQUER MOMENTO DA VIDA OU DO DIA. COMPREENDER OS DISCURSOS É QUE É MAIS DIFÍCIL PARA SE DESFAZER AS IDEIAS DUPLAS.

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