Do banco ao lado da Janela, vejo carros que passam sem parar. A cidade grita em sua agonia de todos os fins de tarde, enquanto voltamos para nossos lares de um dia cansativo.
Enquanto os carros se movimentam, meus olhos ficam fixo, parados, observando os detalhes, observando uma mulher em outro banco: sua pele negra , cor de mel , um olhar perdido no movimento da rua, enquanto o vento entra pela janela e toca seus cabelos como se quisesse levá-los longe. O movimento do cabelo deixa visível o perfil do rosto, como se quisesse me mostrar a beleza aos poucos... Doses homeopáticas de charme, quase uma tortura para meus olhos ansiosos.
Do tom sua pele reflete a luz dourada, luzes da cidade. Então ela pega uma mecha do cabelo e começa a deslizar entre os dedos de uma das mãos. Um movimento aparentemente comum, se não fosse tão rico em detalhes para meus sentidos atentos, então ela abaixa a cabeça e seus olhos começam a catar palavras em um livro...
Quis me aproximar, e quando se quer se aproximar basta um pretexto para o inicio de uma conversa... Eu tinha quase cinco...
Sai do meu banco e me sentei ao lado dela, suspirei e disse algo. Daí a conversa fluiu.
Ela tinha um livro nas mãos, e esse umas palavras em outro idioma... Vi rapidamente! Minha atenção foi roubada por sua beleza. Meus olhos estavam tentando encontrar a dimensão de toda aquela beleza, daquele tom de pele tão lindo, daquele sorriso, daquele charme ... Era como uma música...
Castanho, avelã, mel, chocolate, com tons reluzentes... Eu tentava orgaziar as idéias, e quem disse que tinha ordem naquela grande explosão ? Era como uma música...
Cachos pretos levados pelo vento, soltos, aleatórios...
Sorriso de perfil, com os lábios inferiores ligeiramente maiores que os superiores...
E eu tentando ouvir uma música, tentando dizer coisas com sentido, tentando esconder minha vontade de chegar mais perto...
Foi como uma música, como uma poesia... sem palavras, mas com tudo o que poderia me deixa extasiado...