sábado, 26 de março de 2011

Ontem, Eu e a Cidade.


Ontem eu me vi na Cidade, me confundi em suas avenidas, expressões, nos movimentos, na arte de viver cada momento. Ontem eu vi que a cidade não Para,
A cidade: esse lugar que é o homem, esses homens que são a cidade, essas ruas que são a cidade, essas cidade que tem ruas, essa paisagem que se confunde a todo momento ao ponto de eu não saber qual é a partícula fundamental de toda essa trama, de todas essas vidas, de todas essas formas, de todas essas expressões, de tudo o que se vê e daquilo que não se vê, mas se sente!
Ontem de noite estava andando pelas ruas de Itapuã
Ontem vi sorrisos, abraços, beijos e lágrimas,
Ontem vi um homem dormindo na rua,
Ontem eu conversei com pessoas,
Ontem vi pessoas se divertindo enquanto outras trabalhavam,
Ontem uma senhora vendia rosas vermelhas, uns olhavam para ela e negavam com a cabeça, outros nem a olhavam,
Ontem alguém morreu, e compraram flores para seu enterro, mas não foram rosas vermelhas.
Ontem o sopro da vida se anunciou para quem chegou ao mundo entre lagrimas e alegria,
Ontem pensei em desistir de tudo e fugir para bem longe – onde não há problemas – mas então percebi que esses problemas estavam comigo e fugir não seriam a solução.
Ontem andei pela cidade.
Ontem Falei com um desconhecido, nem sei se ele deu importância. Talvez tenha sido apenas função fática – olá olá , tchau tchau -
Ontem vivi momentos que não voltarão, e talvez eu sinta saudade, outros nem lembrarei.
Ontem olhei para o mar e pensei. Enquanto as ondas vêm e vão, a cidade não para...
Ontem pensei em dizer várias palavras para alguém, mas não as disse
Ontem me afoguei no cansaço dos dias normais e quando me percebi estava tenso, pálido, frio, calculista, quase uma maquina...
Ontem eu vi as maquinas que se movem na cidade.
Ontem conversei com uma pessoa muito especial.
Ontem eu acordei para viver mais um dia cotidiano.
Ontem eu vi o quanto o homem se esforça para não amar seu próximo, enquanto outros amam sem pedir nada em troca.
Ontem eu quase chorei, estava muito cansado de tudo, resolvi deitar e o fiz. Coloquei um fone no ouvido e comecei a ouvir uma música que me levou pra longe de tudo. Vi-me sorrindo e novamente me senti - Eu mesmo-.
Ontem eu vi a cidade se mover em ruas, becos, avenidas, lojas, lagrimas, sorrisos, olhares, fingimentos, amores, musicas, de quê eu estava falando mesmo? Ah, sim! Das várias formas de expressão da cidade? Não, não foi isso... Ah sim, falei que a cidade não para, falei de mim ?
Enfim, ontem eu vi a cidade em mim e me vi na cidade!

Gabriel Revlon

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