segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sociedade real com Hierarquias abstratas




As formas de hierarquia de nossa sociedade não são palpáveis, são abstratas e muitas vezes produzem dores ou alegrias que o corpo pode sentir.  É uma surra ideológica ou um carinho abstrato. Muitas vezes Formamos personalidades no nosso semelhante e muitas vezes os vemos em um degrau acima de nós. Porque o cantor, o político, o ator, o escritor, e os tantos outros profissionais massificados pela mídia nos causam tantas sensações abstratas?  Porque nos emocionamos, gritamos, choramos ou nos espelhamos neles? Será que queremos ser tão “importantes” quanto eles? O que fizeram com a pluralidade e o valor às diferenças entre as pessoas – essencial ao respeito -? Porque diante de uma celebridade que é um ser humano ,(senti, chora, sorri, bebe, come etc.), como eu, não me vejo tão importante quanto ele?
Às vezes me vejo em um labirinto invisível aos meus olhos, porem muito visível ao meu pensamento. Um dia me deparei com uma situação incomoda para mim, apesar de eu não está diretamente ligado a ela. Vi na televisão uma pessoa humilde dando entrevista. Era um pescador. Ele falava de maneira pomposa, ou pelo menos tentava. E isso por querer se adequar àquela situação de “entrevistado” por um jornal importante. Ele era Alguém importante naquela hora, Era isso. Ou tinha que ser! Ele se vestiu de palavras e posturas para representar os seus 5 segundos de fama.
Um parnasiano se apresentava ao show das formalidades... Ambíguo?  Talvez não para ele. Pensei... Andar de terno deve realmente conotar “ser importante”. Andar de terno?  Sim! Eu o vi de terno naquela hora, apesar dele está sem camisa na beira da praia. Acho que ele poderia ser - ele mesmo - naquela hora. Poderia falar de maneira coloquial, poderia exercer sua liberdade de expressão, tanto na linguagem quanto na postura corporal, no tom da voz, nos gestos corporais etc. O pescador que se despiu de sua liberdade popular para vestir um terno de personalidade.
Estava visível ao meu pensamento a – sociedade real com hierarquias abstratas – Trocando em miúdos: “O rapaz deu uma de bacana porque estava na TV”.  E agora eu vou deixar essa conversa de “ acadêmicos “ por hora, porque tenho que estudar. E por sinal muita coisa.
 ME DEIXE falar do jeito que eu quero, porque estou em casa, na rua, na praça, na favela, nos parques etc. Sou o povo, e me vejo como povo! Quero tirar o terno e ficar de calção na beira da praia experimentando um dia de boas sensações abstratas, mas livre e sem querer ser “importante” para os olhos alheios.

Gabriel Relon

2 comentários:

  1. Engraçado... esse seu texto me faz lembrar de uma questão super importante: O papel social. São papeis que desempenhamos em cada setor da nossa vida. Falar na tv para alguém, pode ser um evento diferente dos outros e portanto, na sua cabeça,ele deu essa importância. Mas a questão é: Não ligue para o que as pessoas pensam... ou vão pensar. Captei a mensagem desse jeito!
    ^^
    Muito valioso o seu texto.
    Remete ao exercício que eu tento fazer todos os dias...
    me desligar da formalidade e ser mais Zen, mais tranquila, mais eu!!!
    Parabéns!
    beijão

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  2. cara, um texto bem importante e denso.. realmente há um mito que se cria em torno de artistas, atores e até prefeitos, deputados.. como se todos fossem estrelas, superiores, etc e tal.. mas não duvido que a mídia faça isso por ser o que vende.. eles nos fazem de marionetes, brincando com nossas sensações..

    e as pessoas (a maioria) acabam cedendo, e agindo conforme o que os meios de massa ditam.. gostei muito do final do texto, onde você reafirma sua posição de humano, sem a hipocrisia das "hierarquias abstratas".. nos falta povo para isso tudo ainda vivemos (enquanto brasileiros) numa condição de colonizados, muitas vezes..

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