domingo, 29 de maio de 2011

O espelho d'água







Em uma manhã estava andando destraido. Foi então que  vi um espelho d’água. Percebi suas imagens se formando, refletindo seus movimentos, misturando-se umas com as outras, exibindo suas cores e formas, algumas se diluíam na água e outras se transformavam quando se aproximavam ou se distanciavam...
Vi pessoas andando o tempo todo de lá pra cá. Percebi formas estranhas nos lugares e nas pessoas. Uma coisa era muito curiosa: as imagens transmitidas pelas pessoas eram mutáveis e inconstantes, ao ponto de eu não conseguir identificar as suas faces... eram apenas um conjunto de pessoas desordenadas. Havia sentimentos ali, sentimentos que minava das pessoas e que fluíam entre elas. Tudo aquilo se confundia aos meus olhos, um emaranhado de seres em movimento com cores misturadas, quase uma ilusão.
Curioso que algumas pessoas cresciam demasiadamente no espelho d’água, enquanto umas eram estáveis e outras diminuíam. Essa dinâmica acontecia o tempo todo.

Em uns momentos eu via tudo aquilo se deformando diante de meus olhos, mas as pessoas agiam naturalmente. Enquanto umas pessoas iam para a profundidade das águas outras nem mergulhavam, enquanto uns sorriam outros choravam ou lamentavam, ou gritavam, ou amavam, ou até mesmo odiavam.
Quando reparei o outro lado, mais iluminado, vi o reflexo de umas faces -ainda turvas-, outras um pouco mais claras e outras bem escuras e imperceptíveis, mesmo sob a luz não eram conhecidas e identificadas as faces.O máximo que pude identificar foram modelos diferentes representados. Eram aparências de modelos estabelecidos, pelo menos aos meus olhos tinha algo estabelecido. Entretanto cada pessoa tinha um quê, algo que a diferenciava dos outros, cada um tinha suas singularidades.
Na superfície do espelho d’água ocorriam perturbações o tempo todo, logo não era possível definir os acontecimentos – dinâmicas interpessoais- como fatos puntuais ou precisos, como normalmente vemos alguns em jornais, livros e revistas. Contudo em um momento as águas se aquietaram e as pessoas pareciam acompanhar o movimento das águas, ficaram normais -como parecem o tempo todo-. Mas bastou eu dar uma piscada para tudo então mudar – dentro da normalidade ou anormalidade -.
E Eu lá diante de uma piscina, vendo o espelho d’água... parecia até que aquele lago de concreto era algo natural...

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