Para melhor sentir a liberdade precisamos tirar o outro do controle de
nós mesmo. Precisamos nos ver, nos perceber e nos sentir na direção de nós mesmo, precisamos sentir solidão em nossas decisões. Eis a hora de desembaraçarmos o vidro e ver o outro lado. E quando o outro lado for visível, então quebremos os vidros para sentir o que se via apenas. Chega uma hora em nossas vidas em que nossos sonhos falam mais alto, chega a hora em que nosso corpo pede pra sucumbir o obvio, pede para sofrer - na ausência - a dor de se desfazer de quase tudo o que parecia ser o bastante ou até mesmo tudo. Então o que era verdadeiro acaba por saltar do sufoco, um grito que se liberta, um desabafo que liberta, uma dor que estava do centro da barriga angustiando e sai pela boca. Então sentimos a desconstrução, sentimos a dor da perda, sentimos a quebra do que era a nossa vida, nos sentimos só, e isso é apenas o começo...
Caminhos tortos, mas enfim claros...
Sorriso simples e puros no íntimo da alma
Da dor se suma o amor ou seria do amor que se aprecia a dor ?
Mesmo assim é preciso se aventurar nas curvas tortuosas, sem medo, e com medo, mas se aventurando...
Viajando nos paraísos e por entre os rochedos pontiagudos.
Se cansando, chorando, querendo voltar atrás, querendo voar, querendo voltar, contudo querendo como nunca, voar alto.
As simbologias, as formas prontas e pré-estabelecidas começam a ser visíveis, então o corpo que já era revolucionário desde a infância, agora se descobre cheio do que ainda era impalpável...
Então os sonhos se misturam com a realidade, e descobrimos que ela era tão ideal quanto um sonho, porem de tão repedida e tão bem contada nos deliciávamos em suas necessidades como se fossem nossas. Só que chega a hora de pegar a tinta e pintar o papel, o chão, as paredes e o teto.
Entra em cena a revolução, que começa em nós mesmos.
Andando em rumos tortuosos, criando formas singulares, desobrigando o outro de nossas satisfações, aprendendo a nos amar de verdade, aprendendo a amar o próximo, aprendendo a liberdade.
E ainda assim será apenas o começo. Pois o fim não existe, a liberdade é o próprio fim em si mesma e em nós, sempre buscando...